O trecho da Avenida Rio Branco (no Rio de Janeiro), entre as avenidas Nilo Peçanha e Presidente Wilson, ao que tudo indica vai mesmo virar um bulevar, com 750 m de extensão, compartilhado por pedestres, ciclistas e o VLT - Veículo Leve sobre Trilhos. Há cinco anos, a prefeitura do Rio chegou a cogitar fechar a Rio Branco, entre a Candelária e a Avenida Beira-Mar, para criação de uma “rambla carioca”, mas a ideia foi descartada. Agora, o prefeito Eduardo Paes 'bateu o martelo' para o novo bulevar.
O plano de mobilidade no Centro, que está sendo finalizado pela Secretaria Municipal de Transportes, prevê a mudança de itinerários de ônibus, municipais e intermunicipais, que não serão mais circulares e terão como destino cinco terminais. Ao longo do percurso ou a partir dos pontos finais, os passageiros prosseguirão viagem de VLT, metrô, trem ou barca. A promessa é de que tudo isso esteja em pleno funcionamento até o fim do primeiro semestre do ano que vem. Em 2017, a baldeação poderá ser feita também no BRT Transbrasil, que chegará à Avenida Presidente Vargas.
"Queremos atrair a população de volta ao Centro, que ficará mais convidativo para o pedestre", disse o secretário municipal de Transportes, Rafael Picciani. Segundo ele, o bloqueio da Rio Branco para as obras de implantação do bulevarserá ainda neste semestre. O tráfego será interrompido na altura da Nilo Peçanha. De lá, o motorista poderá seguir pela Avenida Graça Aranha e acessar, por exemplo, o Aterro do Flamengo.
Conforme o plano de mobilidade do Centro, entre a Praça Mauá e a Nilo Peçanha, além do VLT (no lado ímpar da via), a Rio Branco terá três faixas de rolamento e sentido único, na direção da Cinelândia. Ainda está sendo estudado se os ônibus ficarão com duas delas e os carros com a restante. A Avenida República do Paraguai e as ruas Gomes Freire e Senador Dantas deverão ter a mão de direção invertida. Já a ciclofaixa da Avenida Graça Aranha será transferida para o futuro bulevar.
Sistema de ônibus
Para muitos usuários do sistema de ônibus, a baldeação será inevitável. Mas Picciani garante que o tempo de viagem será menor, uma vez que a prefeitura deflagra no dia 3 de outubro o processo de racionalização dos ônibus que circulam pela Zona Sul, que prevê a extinção e o encurtamento de linhas com percursos sobrepostos e a criação de linhas integradas.
"Um estudo que encomendamos constatou que 64% das linhas se sobrepõem em 80% dos trajetos. Inundou-se a cidade de ônibus. Com a racionalização, a ideia é que o Centro fique mais transitável. Haverá menos ônibus no Centro", afirma Picciani.
A estimativa da prefeitura é que só o VLT vai transportar diariamente 300 mil pessoas. O bonde moderno circulará por 28 km de vias, entre o Centro e a Zona Portuária. O percurso terá 32 estações. Não haverá cobrador, e o usuário deverá validar o bilhete dentro da composição.
"Haverá fiscalização e multas pesadas para evitar que passageiros viajem sem pagar pelo serviço. Mas os que fizerem a integração pagarão a tarifa única", explica o secretário.
Via expressa terá 6,8 km
Na estação Central do Brasil do VLT, os usuários poderão fazer conexões com trens, metrô e ônibus. Da estação Praça Quinze, poderão seguir de barca e ônibus. Na estação rodoviária, os passageiros poderão fazer a integração com ônibus intermunicipais. Os que chegarem pela Novo Rio e pelo Aeroporto Santos Dumont terão estações exclusivas do bonde.
Também com entrega prevista para o fim do primeiro semestre de 2016, a Via Expressa (antiga Rodrigues Alves) terá 6,8 km de extensão. O plano de mobilidade para o Centro estará concluído com a chegada do BRT Transbrasil à Avenida Presidente Vargas.
"Com isso, a cidade, que tinha 18% dos usuários atendidos por transporte de alta capacidade, passará a ter 63%", estima o secretário de Transportes.
Artigo escrito por Selma Schmidt e publicado originalmente na página Mobilize em setembro de 2015 com o título "Avenida Rio Branco, no Rio, ganhará boulevard junto a trilho do VLT"